Uma biografia sobre a Banda que revolveu todo o rock brasileiro na década de 80. Rodrigo Rodrigues foi o cara certo na hora certa e estava registrando tudo, viajando com o grupo. E mais de uma década depois percebeu que tinha material suficiente para contar a história. Nossa parceria deu tão certo que estamos trabalhando num novo projeto: Um livro de cultura pop sobre trilhas de Cinema, algo com que Rodrigo tem maior intimidade, pois tem sua própria Banda, The Soundtrakers ( os tocadores de trilhas) e fazem o maior sucesso em Sampa e onde toca.
A Blitz virou livro
A banda liderada por Evandro Mesquita, que ficou famosa pelos shows performáticos e impulsionou o rock brasileiro dos anos 80, ganha uma biografia ilustrada
Laura Lopes
A capa do livro, também capa do primeiro LP da banda
A Blitz se transformou em muitas coisas na década de 80: álbum de figurinhas, coleção de roupas (vendida na extinta Mesbla), série de televisão (inspirou a Armação Ilimitada) e até banda-propaganda de xampu. Mas, ainda que tenha influenciado uma geração inteira de jovens e músicos, não havia sido eternizada em livro. A biografia ilustrada As Aventuras da Blitz, homônima ao seu primeiro álbum, será lançada – com atraso de quatro meses – nesta quinta-feira (29), em São Paulo. O autor, Rodrigo Rodrigues, apresentador do programa Vitrine da TV Cultura, é fã da banda desde os sete anos. “Naquela época, a Blitz fazia dois shows por dia: um à tarde, para os menores, e outro à noite. Que banda faz isso hoje em dia?”.
Entre blábláblás e tititis, o jornalista colheu depoimentos de pessoas que fizeram parte da história do grupo, como os músicos Lobão, Ritchie e Fernanda Abreu, e os integrantes originais que fazem show até hoje: Evandro Mesquita, Billy e Juba. Munido de muitas horas de entrevistas, mais de 200 artigos de jornais e um amplo arquivo de imagem, incluindo credenciais, ingressos e fotos pessoais, Rodrigo descreve a trajetória da Blitz em 10 capítulos – do nascimento ao apogeu, da queda ao renascimento atual. Aos desinformados, a banda chega a fazer uma média de oito a 10 shows por mês (ao custo de 25 a 30 mil reais cada), em sua maioria fechados ou em eventos corporativos, e está com um CD de músicas inéditas no forno. “É mais comum as pessoas lembrarem das bandas que mantiveram a carreira estável”, afirma Rodrigo, e não foi o caso da Blitz.
História
Ela nasceu em 1981, com sete amigos (Evandro Mesquita, Fernanda Abreu, Márcia Bulcão, Ricardo Barreto, Billy Forghieri, Antônio Pedro e Lobão – substituído por Juba), estourou em 1982 e viveu até 1986 (confira mais fotos abaixo). “Foram quatro anos de muito sucesso que só se repetiu com o RPM, anos depois”, afirma o jornalista. A Blitz conquistou o público com suas letras de amores ingênuos e ao mesmo tempo sacanas, com performances teatrais numa linguagem típica da juventude das praias cariocas, vestiu a new-wave de verde e amarelo e falou a uma sociedade otimista – que estava se livrando da lembrança sombria da Ditadura Militar.
“Se a Blitz não é o pai das bandas de rock dos anos 80, ao menos ela inaugurou essa nova fase”, afirma o autor. Até então, a juventude estava órfã de ídolos brasileiros do rock – os últimos haviam sido da Jovem Guarda. Depois dela, surgiram várias – Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana, entre outras, que formaram o movimento Rock Brasil, ou apenas BRock.
Ao estampar figurinhas e jeans, protagonizar campanhas publicitárias e ser a principal banda nacional da primeira edição do Rock’n Rio, a Blitz explodiu na mídia e fez criar a “Blitzmania”. O sucesso, no entanto, terminou em fracasso. “Os integrantes pagaram a conta pela superexposição. O Evandro começou a se destacar muito e rolou uma ciumeira”, afirma o Rodrigo. A banda rachou por conflitos de egos – narrados no capítulo “Egotrip”, que também é o nome de uma música do grupo.
Renascimento
Em 1994, os músicos resolveram ressuscitar os sucessos antigos. Com a formação original – exceto por Fernanda Abreu, que já seguia carreira solo, e Lobão, que julgou a banda “infantilóide” e foi cuidar de suas próprias composições ainda em 1983 – a Blitz voltou aos palcos. A jornada durou quatro anos e, de 1998 até 2004, segundo conta Rodrigo, ficou sem identidade, com apenas três músicos originais e sem saber se continuaria na estrada ou não. Nessa época, o jornalista acompanhou os músicos nas viagens, pretendendo fazer um documentário dos bastidores da turnê. “Em 1998, eu vi uma Blitz diferente da Blitz ‘bombada’ de 1983 a 1985”, afirma. Ela continuava a existir daquela maneira? A seu ver, não.
Mas os ventos mudaram em 2005. Desde então, a formação permanece estável “e conta com a sorte do boom do retorno aos anos 80 que já dura seis anos”, afirma Rodrigues. Para quem mergulhar n’As Aventuras da Blitz, o livro é um almanaque ilustrado da banda, com informações curiosas de sua história, detalhes de bastidores, explicação de como as músicas foram compostas e fotos inéditas, imagens de camisetas, botons, adesivos, recortes de jornal… “Calma, Betty!”
capa de seu atual disco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário